VIDA SEXUAL SEGURA

Considera que os seus comportamentos sexuais estão a salvo?
As infecções transmitidas por via sexual desprotegida devem constituir uma preocupação para quem tem uma vida sexual activa.

As pessoas que têm sexo desprotegido sem conhecerem os antecedentes do parceiro estão, claramente, a pisar o risco. Como é impossível aceder à lista completa dos seus relacionamentos anteriores, a prevenção impõe-se.

Conforme explica Jorge Atouguia, especialista em Infecciologia, «não se deve estar à espera que apareça alguma manifestação visível nos órgãos genitais. Ter uma relação sexual esporádica sem se conhecer a história clínica do parceiro deve servir de alerta. Qualquer relação sexual de risco é já a primeira indicação para estarmos atentos em relação a alguma doença de transmissão sexual». Propomos-lhe uma viagem, segura, através do universo das doenças sexualmente transmissíveis. Para que possa estar sempre protegida.
As principais infecções

Normalmente, as doenças de transmissão sexual têm quatro divisões típicas. «Aquelas que provocam corrimento (as uretrites, nos homens, e as cervicites, nas mulheres); as que são clinicamente femininas e que se intitulam vaginites; as doenças que têm alguma manifestação ulcerosa (como a sífilis) e que aparecem como lesões nos órgãos sexuais externos. Por último, podem surgir doenças que não têm qualquer manifestação do ponto de vista dos órgãos sexuais. Classicamente, o VIH e algumas hepatites, como a hepatite B», indica Jorge Atouguia.

O que pode conduzir a estas infecções transmitidas por via sexual? Jorge Atouguia dá um exemplo típico que constitui uma das principais causas para estes problemas de saúde. «Há quem conheça uma pessoa atraente, bebe uns copos a mais e perde a capacidade de controlo das emoções e da razão, diminuindo o discernimento de ter de usar preservativo».

É frequente, nas consultas de Jorge Atouguia, surgirem pessoas que confessam que só se aperceberam que tiveram uma relação sexual com alguém desconhecido no dia seguinte, ao acordarem num quarto de hotel. Esse tipo de situações gera «um processo de grande avalanche de problemas familiares e sociais. Mais do que os sintomas físicos, saber que houve uma relação sexual de risco é um factor de ansiedade e de preocupação nestes casos», comenta o especialista.
Sintomas que preocupam

Os sinais físicos podem aparecer apenas alguns dias depois da relação sexual e caracterizam-se normalmente por ulcerações, por corrimentos vaginais ou da uretra (no homem) e dor no acto sexual (sobretudo nas mulheres). «O prurido e os sinais de inflamação na vulva ou do pénis constituem ainda sinais relevantes», salienta Jorge Atouguia.

O corrimento vaginal pode ser esbranquiçado (mais característico da candidíase) ou pode ser um corrimento com cheiro e de cor amarelada ou acinzentada. Algumas mulheres têm ainda um corrimento específico «depois da menstruação ou das relações sexuais, de cor acinzentada, característico da vaginose, doença provocada por vários tipos de bactérias».

Ainda que os vários tipos de corrimento possam constituir sintomas de alerta, «muitas mulheres apresentam um corrimento translúcido, típico da altura em que estão a ovular, e que não representa qualquer tipo de problema», assinala o infecciologista. Se o corrimento permanecer por tempo prolongado, «devem constituir motivo de consulta médica», aconselha Jorge Atouguia.
Tratamentos possíveis

Após o diagnóstico de uma infecção ou doença sexualmente transmissível, o tratamento mais adequado deve ser prescrito sempre por especialistas. «Se a causa for bacteriana, as infecções devem ser tratadas por antibióticos. Se a origem da doença estiver nos parasitas, trata-se com anti-parasitários. Algumas patologias podem ainda ser tratadas com terapêuticas intra-vaginais ou óvulos», explica.

Ainda que os sintomas surjam apenas em um dos elementos do casal «não significa que o outro elemento não esteja infectado mesmo sem apresentar sintomas. Se o outro elemento do casal não for devidamente tratado, volta a infectar a(o) parceira(o) mesmo que esteja assintomático».

Texto: Cláudia Pinto com Jorge Atouguia (especialista em Infecciologia)

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